segunda-feira, 24 de maio de 2010

Capítulo Um

Demetris e Marianne sumiram no instante em que terminaram a reverência. Cada uma fora para a casa da Terra que escolheram para esconder as crianças. Porém, como o tempo de Fantasia passa de forma diferente do da Terra, apesar de algumas horas terem se passado para Anabeth mandar os guardiões das trevas, onde elas estavam demorou apenas alguns segundos para que Marianne e Demetris percebessem que estavam sendo perseguidas.

O mais rápido que conseguiram, apagaram seus rastros de magia e tentaram selar os poderes das crianças dentro dos pingentes de cristal que tinham. Mas seus poderes eram tão grandes que, se não parassem, os cristais iriam quebrar. Guardando o máximo de poder que conseguiram dentro dos cristais, deixaram pequenos resquícios de magia dentro delas. Essa magia seria um problema, pois deixaria rastros muito fortes; felizmente as crianças não aprenderiam a usá-la.

Apagaram a memória das famílias que escolheram e, dentro de alguns anos, iriam se passar por irmãs mais novas dos dois.

Suspiraram. A partir de agora, suas tarefas seriam ainda mais complicadas, mas não interessava. Ártemis e Daniel deveriam ser protegidos a qualquer custo.

***

Dezessete Anos Depois

- Ártemis, você não pode mudar de escola! Tipo, esse internato pra onde você tá indo com a sua irmã fica, tipo, em Londres. Londres! Sabe quanto custa uma ligação daqui de Nova York pra Londres? – Ártemis recordava, enquanto andava pelo corredor de sua nova escola com sua irmã, Marianne, procurando seus respectivos quartos, da despedida de suas amigas.

Marianne, dois anos mais nova do que Ártemis, encontrou seu quarto e disse que voltaria a se encontrar com ela no refeitório dentro de uma hora. Ártemis continuou pelo corredor até seu quarto, um pouco mais para a frente. Sua colega de quarto já deveria ter ido jantar, portanto arrumou suas coisas e saiu apressada.

- Ah, nem vem, Sabrina! Você e o Erik podem me ligar sempre que quiserem que, por seus pais trabalharem com esse negócio de celulares, vocês não vão pagar a taxa de ligações internacionais. – Disse Ártemis no aeroporto. – E podemos usar o MSN, Twitter, Orkut e o Facebook todos os dias!

- Você terminou com o Erik! Só porque vai se mudar! E nem vem! Quanto tempo vai levar para que as coisas estranhas que acontecem com você te levem a conhecer uma nova melhor amiga e te dêem um namorado novo? Aí você nunca mais vai falar com a gente! – Sempre dramática, Sabrina agarrou-se a Ártemis até que esta fora obrigada a embarcar, mesmo depois de garantir-lhe que não arranjaria nenhum dos dois.

Muito estranho foi que, bem quando lembrava desta parte, esbarrou com alguém no corredor e teria caído se não fosse a reação rápida – e talvez sobre-humana – da pessoa com quem esbarrara, que a segurou – e à sua bolsa – antes que ambas encostassem no chão.

Levantando o olhar para agradecer o estranho, assustada e ao mesmo tempo agradecida, Ártemis perdeu o fôlego: encontrou-se encarando o cara mais gato que já vira – bem em frente da porta do refeitório, com todo mundo lá dentro olhando, com sua irmã, ao lado de uma outra garota, mais ou menos da mesma idade de Marianne, que deveria ser sua colega de quarto, encarando-os com horror nos olhos: e ela nem ligava – e não conseguia dizer absolutamente nada.

O garoto era alto, deveria ter um metro e noventa – e Ártemis se achava alta, com um metro e oitenta e cinco de altura –, cabelos que não tinham cor especifica – estavam entre o loiro escuro, o castanho e o preto, com mechas douradas totalmente naturais -, olhos verdes brilhantes – não de um verde comum, como a maioria das pessoas, mas um verde intenso, nem claro nem escuro, vivo, que parecia analisar toda a sua alma -, o rosto perfeito.

Descendo o olhar um pouco, Ártemis ficava cada vez mais impressionada. Seus músculos eram quase tão impressionantes quanto seu rosto, duros como pedras. Não eram idiotamente tão grandes quanto o daqueles caras que ficavam quinze horas por dia na academia. Pareciam, para falar a verdade, músculos provenientes apenas da prática de esportes.

- Ahh... Hmm... O-obrigada por me segurar. – Ártemis parecia não conseguir olhar por mais de três segundos em seus olhos. Desviou o olhar e, sem querer, acabou olhando para os braços que a seguravam. Sabia que estava sendo ridícula com tudo isso, mas simplesmente não conseguia se segurar; era como se toda a sua mente quisesse aquele garoto desconhecido para ela.

Parecendo dar-se conta apenas nesse instante que ainda mantinha seu braço ao redor da cintura de Ártemis, o garoto corou, colocou-a de pé gentilmente, e entregou-lhe a bolsa.

- Sinto muito, deveria ter olhado por onde andava. – A voz dele era tão impressionante quanto o resto. Profunda, parecia a voz hipnótica de um vampiro que Ártemis vira em um filme, do qual não lembrava o nome – parecia não se lembrar de nada enquanto estivesse na presença dele. Pelo menos conseguiu achar sua voz.

- Ahh... Não, eu que me desculpo... Estava... Distraída. Desculpe. – Olhou para cima e encontrou seus olhos. – Muito abrigada mais uma vez.

- Ah... Hmm... Não há de quê... – Dessa vez, nenhum deles desviou o olhar. O barulho no refeitório sumira por completo: todos observavam a cena. Marianne e a outra garota agora não olhavam mais para os dois. Encaravam outras duas garotas, um pouco mais velhas – de uns dezesseis, dezessete anos; mais ou menos a idade de Ártemis – que observavam, por sua vez, os dois na entrada do salão. – Ahh... Eu... Ahh... Sou novo por aqui... E você parece ser nova também... O que acha de sentarmos junto com minha irmã mais nova, Demetris?

Surpresa com o convite, Ártemis balançou a cabeça afirmativamente.

- Hmm... Claro. Só... Espero que não se importe se minha irmã também se sentar com a gente. – Quando o garoto balançou a cabeça afirmativamente, disse – Por sinal, meu nome é Ártemis.

- Sou Daniel. – Respondeu ele, com um sorriso que fez seus caninos cintilarem.

As garotas que os encaravam sorriram de forma demoníaca, enquanto Marianne e a outra garota olhavam de forma feroz e pareciam cintilar um pouco, perigosamente.
Os cristais em seus pescoços brilharam.

Um comentário: